top of page

Conheça a Rainha Tereza de Benguela

andreinamoreira2

Atualizado: 20 de mar. de 2023

Tereza de Benguela é uma mulher negra e brasileira que comandou um quilombo por cerca de 20 anos, se tornando símbolo de resistência


Por Andreina Moreira


Hoje, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher. Em reflexão a esta data, nós trazemos a Rainha Tereza de Benguela. Importante mulher para o Quilombo do Quariterê e para a lutas das mulheres negras.


Imagem/Reprodução: Negra e Brasileira

Desde o ano de 2014, o dia 25 de julho se tornou o Dia Nacional de Tereza Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela é símbolo de liberdade, resistência e gestão.


No século XVIII, no estado de Mato Grosso, próximo ao rio Guaporé, viveu o Quilombo Quariterê, comandado por Tereza de Benguela. A Rainha, como passou a ser chamada, comandou o Quilombo após a morte do seu esposo José Piolho. O Quilombo abrigava negros e indígenas que fugiam dos lugares em que eram escravizados.


Durante cerca de 20 anos, Benguela comandou o Quariterê. Ali, eles viviam do que produziam: milho, mandioca e outros alimentos. Além de cultivarem o algodão para produzirem roupas para as cerca de 200 pessoas no Quilombo. Com esses mantimentos e debaixo da inteligência da Rainha, eram feitas trocas com os comerciantes que estavam nas redondezas. Para se defender, utilizavam armas trocadas com os brancos ou de saques praticados nas vilas e nas redondezas.


Imagem/Reprodução: Rio Guaporé (Foto: Margi Moss)

Não bastasse a economia criada por Tereza, segundo registros da cidade onde é localizado o rio Guaporé, chamada Vila Belíssima de Santa Trindade, Benguela criou um modo parlamentar diferenciado, no qual tinha uma casa em que em determinados dias os deputados se reuniam, sendo José Piolho o de maior autoridade e também o conselheiro. Quem presidia era a Rainha Tereza de Benguela e todos seguiam à risca o que era dito.


Foram quase duas décadas resistindo e fugindo da escravidão com maestria. A inteligência, perspicácia e valentia desta mulher negra e brasileira refletem nas lutas que temos hoje. Trajetórias como a da Rainha Tereza de Benguela recorrentemente são apagadas da história e das salas de aulas, porque os fatos sempre são contados da perspectiva do não negro.


O FIM DO QUILOMBO


Em 1770, o Quilombo sofreu um severo ataque, no qual 79 negros e 30 indígenas foram aprisionados, muitos foram mortos e outros conseguiram fugir pela mata. Tereza de Benguela estava entre os presos. A mulher negra foi humilhada publicamente diante daqueles que faziam parte do Quariterê e os capturados foram marcados com a letra "F" de fujão, além de serem devolvidos para os lugares onde eram escravizados.


Segundo documentos coloniais, a Rainha, "Posta em uma prisão, à vista de todos aqueles a quem governou naquele reino, lhe diziam estes, palavras injuriosas, de forma que, envergonhada, se pôs muda ou, para melhor dizer amuada. Em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem".


Os negros e indígenas que fugiram, ainda tentaram se reorganizar para reerguer o Quilombo, mas novamente sofreram um duro ataque que acaba com o Quariterê. Mas as marcas deixadas na história pela Rainha Tereza de Benguela alcançaram gerações e tornaram-se símbolo de luta e resistência para muitas mulheres negras e brasileiras. Além de inspirar obras acadêmicas, literárias, documentários, temas enredos e tantas outras manifestações artísticas.



13 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

コメント


bottom of page